Talvez a principal contribuição do filme “A voz do coração”, do diretor Christophe Barratier, seja o fato de ele nos conduzir a um conceito simples e pouco explorado: as aparências enganam, e as pessoas podem ser mais do que costumamos julgar. O filme não focaliza uma perspectiva pedagógica, nem um método, mas o valor do ser humano.
Produzido em 2004 e indicado a dois Oscars, “A voz do coração” conta a história de Clément Mathieu, um compositor sem reconhecimento, mas que possui grande sensibilidade para enxergar a potencialidade das outras pessoas. Devido a essa capacidade, assim que chega no lúgubre orfanato para o qual fora contratado como inspetor e professor, Mathieu, de imediato, percebe o prejuízo feito pelos pré-julgamentos, e a identificar os talentos por trás das crianças, rotuladas sempre como “casos perdidos”.
O professor tem dificuldade para ganhar a confiança dos meninos, mas, quando estes percebem seu carinho e dedicação, reagem com igual cumplicidade. Mesmo lidando com a oposição do diretor da instituição – Rachin -, o professor consegue formar um coral que, aos poucos, se aperfeiçoa e, por fim, torna-se conhecido por toda a França. Outros professores, que a princípio seguiam somente os métodos antiquados da instituição, acabam se mostrando favoráveis às mudanças, que aos poucos transformam o grupo.
Devido à oposição aos métodos truculentos do diretor e da lógica da ação-reação (punição e violência, num círculo vicioso), Mathieu é despedido, porém, a essa altura, já teria mudado os corações e mentes daqueles meninos, que nunca mais se esqueceriam do homem que introduziu esperança e autoestima em suas vidas, repletas de privação e marginalidade.
Aquias da Silva Valasco
Assessor Técnico-pedagógico Portal Dia-a-Dia Educação